A diferença de “ver” e “olhar” pra mim sempre foi bem clara, “ver” é só o ato de direcionar a visão a algo, mais “olhar”... “Olhar” é muito mais que isso. É entrar nos objetos, sentir o que sentem e o que você sente por eles. Hoje eu entendi que preciso olhar mais o meu mundo, pra só então poder buscar novos horizontes.
Há anos que moro no mesmo apartamento, e só hoje percebi quanto tempo desses três anos passei tendo a mesma visão, com meus olhos que enquadram apenas um monitor, uma mesinha de computador, uma TV e um lado da geladeira. Fiquei pensando, eu fico frustrado por não poder viajar e me sentir livre perdido em todas as novidades que o mundo pode me oferecer, mais... Ainda assim, esqueço das novidades próximas, de ver o mundo que esta a minha volta agora, de forma diferente. E realmente olhar essa pequena parte do mundo.
Vemos que a cada olhar e cada momento, limitamos uma parte do todo de forma única. Ainda que olhemos mais de uma vez para a mesma direção, não serão o mesmo olhar, nas vezes seguintes perceberemos coisas que não tínhamos percebido e até deixaremos de perceber certas coisas.
No nosso dia-a-dia ficamos saturados de informações, sobretudo visuais, que tira a nossa sensibilidade para o simples. No documentario Janela para a Alma, um filme sobre a percepção humana sobre os olhos, um dos entrevistados cita a seguinte frase “o excesso de imagens nos torna insensíveis”. E concordo com ele por que vejo que é toda essa informação e a dinâmica do mundo moderno que nos faz deixar de olhar o mundo para apenas vê-lo.
Na letra da música “O que sobrou do céu”, colocada no final do pos e também citada post mim no trabalho de fotografia, esta o exemplo perfeito da libertação desse nosso “ver”, transformado no mais puro “olhar”. Agora, eu prometo seguir o exemplo da música e desligar mais a TV e a transformar em espelho pra “assistir” o meu verdadeiro mundo.
“Faltou luz mais era dia, o sol invadiu a sala, fez da tv um espelho, refletindo o que agente esquecia... todas as flores escondidas nas nuvens da rotina, pra gente ver entre os prédios e nós. Pra gente ver, o que sobrou do céu, o que sobrou do céu.”
(O Rappa – O que sobrou do céu)