quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Depois de Ver... o Salto.




Selton chegou em casa após um longo dia de trabalho. Era sábado e ele entrou em seu pequeno apartamento quarto e sala, e se assustou ao vê-lo vazio. No meio da sala-cozinha, encontrou apenas uma caixa de papelão com um envelope sobre ela. Ele já desesperado e sem entender, aproximou-se da caixa de apanhou o envelope. Dentro dele havia uma carta que dizia:

Você foi empurrado do penhasco...

Abrindo a caixa você encontrará dois pacotes. Um branco e um preto. E na escolha de cada um deles a um caminho a seguir.

No envelope branco você encontrará trinta mil reais, uma passagem de ônibus e uma folha em branco. Se você escolhe-lo significa que você usará esse dinheiro para correr em busca dos seus sonhos, e para isso deve esquecer desde agora todo o seu passado. Assine a folha em branco, onde será feita uma procuração que nos dá o direito a apagar qualquer pendência que o prenda a essa cidade e sua vida atual. Deixe o celular e saia com o dinheiro sem olhar para trás.

Porem, se escolher o pacote preto significa que você quer continuar com a vida que leva e não deseja que nada mude. Neste envelope você encontrará, uma reserva já paga de um hotel aqui mesmo na cidade e dois mil reais. Escolhendo-o você deve pegar um taxi ate o hotel e passar a noite lá. Amanhã quando retornar para casa, sua casa estará do mesmo jeito que a deixou pela manhã, sem nada faltando. O que o dá o direito de voltar para sua patética vida sem sequer lembrar que isso aconteceu.

Obs.: Não chame a polícia, não conte a ninguém e não pegue os dois pacotes. Seja qual for sua escolha, ela é apenas uma. Se optar descumprir as regras haverá conseqüências.

Se apegando a louca e ariscada oportunidade de abandonar a vida vazia que levava, Selton, mesmo com um grito desesperado preso na garganta, se entregou ao jogo. Pegou o envelope branco e sumiu no mundo.

Anos depois ao chegar em seu quarto de hotel numa pequena cidade do interior da Europa. Viu sobre a cama um pequeno bilhete escrito com a mesma letra
que o fizera mudar de vida anos atrás.

“... Você voou.”

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Depois de Ver... Uma dose.

Bar vazio, o barman passava o último pano no balcão as 2 da manhã quando entra uma figura, meio cambaleante. O homem entrou silencioso e sentou-se a frente do balcão e pediu uma dose. Depois de avisar que estariam fechando em 10 minutos o barman serviu a dose da vodka mais vagabunda do bar, torcendo para que o importuno visitante o abandonasse logo. Após virar a dose, para a surpresa do barman, o sujeito levantou-se foi em direção a porta e saiu dizendo:

- Coloca na conta da solidão.

O barman que ficará indignado por ter sido enrolado aquela hora da noite, ficou mesmo aliviado em não ter que continuar servindo um bêbado quando desejava estar em casa.

Após esse dia essa cena se repetiu por inúmeras noites, sempre do mesmo modo, com o sujeito sempre tomando e pedindo para que fosse posta na conta da solidão. Certo dia, meses depois, o barman já se despedia do companheiro, bêbado e pontual de todas as noites, quando após sua saída a solidão entrou no bar, parou próxima ao balcão e colocou a mão cheia de dinheiro sobre o mesmo e disse:

- Vim pagar a conta do homem que acabou de sair.

O barman contou com os olhos os 200 reais postos sobre o balcão e viu a solidão virar de costas e sair em silêncio em direção a porta para nunca mais.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Depois de Ver... O Torneio.

O primeiro jogo tinha sido marcado para as 17 horas. Era domingo e o pequeno grupo de amigos se reunia para o clássico campeonato de futebol de botão que ocorria a cada dois meses. Não eram nem 15 horas quando o Torres chegou para a cervejinha de preparação para os jogos e já encontrou o Ferreirinha devidamente paramentado com o uniforme completo do Laranjeiras Esporte Clube, time de botão que ele mesmo inventou, calção laranja e camisa vermelha com meão branco e chuteiras verde limão. O Ferreirinha estava como sempre lustrando obsessivamente os botões do seu time e só parou para rápidos intervalos ate as 18:30 quando o Neco, juiz do torneio, chegou bem atrasado e sobre protestos e ameaças dos companheiros.

Já no primeiro jogo houve um lance duvidoso contra o Laranjeiras e o Ferreirinha discutiu com o Neco, que para manter a autoridade expulsou o Remela, botão camisa 4 do Laranjeiras. Para a infelicidade de Neco, o Remela que mal participara do lance era a estrela do Laranjeiras e seu técnico furioso praguejou ainda mais alegando uma perseguição antiga do juiz com ele. O Torres ainda tentou intervir mas foi logo acusado de cumplicidade, e com o Ferreirinha vestido naquele shortinho laranja, com as chuteiras verde e sua barriga quase saindo debaixo da camisa, não dava para discutir.

Neste momento iniciou uma discussão generalizada de duas dúzias de cinqüentões, batendo boca no bar. Que incluíam desde alguns que assistiam ao jogo do Flamengo na TV e nem sabia do lance, a outros que nem estavam no torneio. A acalorada discussão chegava quase ao seu auge, apesar dos protestos inaudíveis do dono do bar, quando o Neco, gritou para o Ferreirinha:

- É por essas suas idiotices que sua mulher a anos que prefere transar comigo.

Como em cena de filme aquela frase saltou no meio da discussão e todos fizeram silêncio. O Ferreirinha furioso partiu pra cima dele à socos e pontapés e a briga foi geral.

Alguns copos quebrados, botões espalhados por todo o bar e alguns que a minutos atrás se socavam sem saber por que tomando cerveja e rindo na mesma mesa.

Dizem que horas depois ainda ouvia-se o Ferreirinha, sentado sozinho no canto do bar, segurando discreto o Remela e murmurando baixinho:

- Mais o Remela ele não podia ter expulsado.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Depois de Ver... A onça.


Tenho muito a dizer dos amigos, da-

queles que protegem a mim, como resguarda seus filhotes a mãe

onça. A esses que assistem meu sucesso torcendo por

mim com vontade. Obrigado a aqueles que se entristecem por

um erro meu, e que aguardam ansiosos para pu-

lar de alegria com minhas conquistas. E que querem bai-

xar o chão sobre meus pés para fa-

cilitar o meu sucesso e me apoiam de modo a nunca tra-

zer o mal a mim e a meus amigos. Aos que buscam

sinceridade, respeito e abominam as

inimizades e intrigas, so digo: Se fo-

quem nos seus objetivos e explo-

dam todos os que desejam fazer o mal ao próximo.


"No fenecer é que são vistos os heróis e os derrotados."



terça-feira, 5 de outubro de 2010

Depois de Ver... Que...

Quero um amor que goste de gatos

E que consiga adormecer tranqüila em meus braços.

Seus olhos devem brilhar ao olhar no fundo dos meus.

Ela precisa gostar de aprender

Precisa esta sempre aberta a experimentar coisas novas


Ela deve saber rir das minhas piadas,

Aceitar passar horas me ouvindo falar sobre coisas banais.

Tem que gostar de beber vinho, vodca e comer alho.

Deve saber quando beber vinho, vodka e comer alho.


Cinema, teatro e séries americanas de TV precisa adorar.

Deve achar bonitinhas as minhas manias.

Nunca criticá-las, por mais estranhas que elas sejam.

Descubra quando deve me deixar só

E aprenda a cuidar de mim quando aparento esta só.


Religião e futebol nunca devem ser postos em pauta.

Bem como meu gosto eclético musical,

Ela deve ate me acompanhar nele.


Deve aprender a conhecer cada olhar meu.

Só não pode aprender como me irritar,

Os lugares que sinto cócegas

E a cantarolar certas músicas perto de mim.


Quando ao físico?

Só tenho preferencia por:

óculos de grau, cabelos longos e unhas sem esmalte.


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Depois de Ver... As 03:00.

Eram três da manhã quando ele acordou de um sono profundo. O silencio da madrugada era denso, o que o fez percorre a mão pelo lugar vazio, e ainda quente, ao seu lado na cama. Olha para a porta encostada e pela fresta vê a luz do banheiro se apagar com um estalido. A mão que surgem em seguida empurrando a porta na penumbra, iluminada apenas pelo clarão azul da lua que entra pela janela, vem acompanhada de um rosto feminino a se abrir num sorriso.

- Desculpa. Te acordei?!

A resposta veio com outra pergunta.

- Quem é você?

O que no inicio ela acreditou ser apenas uma brincadeira, tornou-se um drama. Ele não se lembrava de nada. Dos anos de namoro, dos passeios que fizeram, das viagens, das escolhas em conjunto, dos planos. Ou melhor, lembrava-se de tudo, menos dela. Nem ao menos de tê-la conhecido.

Ela se desesperou e tentava, sem sucesso, trazer as lembranças de volta. Fotos espalhadas no chão junto as cartas e presentes. Porem nada o trazia de volta a realidade. Ele cada vez mais nervoso com a desconhecida que o importunava com fotos dele que ele não lembrava de tê-las tirado e que o mostrava presentes, fotos e fatos de dos quais ele se quer ouvira falar. Ele juntava as roupas espalhadas pelo quarto, e se vestia enquanto ela revirava a gaveta atrás de qualquer coisa que remete-se ao passado deles juntos, seja o próximo ou o distante.

E em meio ao desespero dele, ela já se conformanda com a sua saída sussurrou:

- Te respeito, te gosto, te quero, te venero...

E ele que olhava profundamente para ela enquanto ouvia, sentiu seus lábios se mexerem sozinhos para completar a frase:

- Te amo.

Os olhos dele brilharam pela primeira vez na noite e ele foi de encontro a ela selando com um beijo. Não era preciso dizer mais nada ela sabia que ele voltara a lembrar.