quarta-feira, 30 de maio de 2012

Depois de Ver... A Madrugada.


Madrugada, ela acordou de um sono perturbado. O rosto de uma velha senhora, que permeou seu sonho, ainda pairava em sua mente.

O teto do quarto mal iluminado, pelo fio de luz que furtivamente entrava pelo vidro da janela, criava a atmosfera perfeita. Aquela face enrugada, com olhos firmes e frios de uma desconhecida, fazia ecoar a frase que a fez despertar: "a sua maldição será...".

Banhada de suor levantou-se apressada da cama, sob o olhar severo e irritado do Nemamiah, seu gato, que se encontrava acomodado junto a sua cintura sobre as cobertas.

A água do banho, aquela hora da manhã, lhe caia como um tijolo e junto ao silêncio da noite a faziam refletir sobre o possível fim daquela profecia. As palavras da velha ondulava em sua mente sem parar, e a trazia uma estranha inquietação.

Eram 5:07 da manhã quando Eva voltou para cama e sentou no escuro quarto, que agora se encontrava sombreado pela luz da sala a entrar pela porta entreaberta. “...maldição...”. Tateou sob o travesseiro a procura do celular e deitou-se. Seus olhos se encontraram com o de Nemamiah, que continuava deitado sobre os cobertores e observava sonolento os movimentos da dona.

Na tentativa de dormir, a cama ficou grande, os lençóis muito quentes, as cobertas pequenas demais para as pernas e o travesseiro não apoiava a cabeça. Segundos tornaram-se uma eternidade. “...sua maldição...”. O rosto a assombrava sem parar, qual seria o fim da frase? Qual seria a lição por trás daquelas linhas.

Minutos tornaram-se meses, “... maldição...”. O celular foi consultado inúmeras vezes para saber as horas, que tanto custavam a passar. A mente, lhe vinham todas as preocupações e previsões de como seria o dia seguinte. Como seria seu dia depois da noite mal dormida? Mas nada pesava mais que aquele sussurro, aquele ressoar das duas palavras da velha.  “...sua maldição...”.

Nemamiah que olhava fixamente sua dona a rolar na cama inquieta, sem esboçar nenhuma reação levantou-se, se espreguiçou de maneira displicente e desceu da cama em direção a seu prato d’água.

“A sua maldição...”. A cabeça de Eva que se tornara um turbilhão de ideias e medos seguiu completando a frases de infinitas e terríveis maneiras, tentando achar seu real significado.

Em certo momento, o Nemamiah, que assistia de longe a angustia de Eva, vai a seu encontro e toca de leve o gelado nariz a bochecha da moça. Como quem recebe um toque de lucidez, que a faz ser invadida por uma profunda paz e ela entende que nada tem a temer.
A face que tanto a perturbara durante aquela noite, se desfez em nuvens. E a voz rouca que repetia incessantemente a frase em sua cabeça, foi substituída pelo silêncio.

Seus olhos foram se fechando devagar, seu corpo se relaxando e todos seus medos se foram.

E só então uma certeza lhe veio a mente, em uma voz masculina, doce e de tom tranquilizador: “A sua maldição será... a dúvida.”. Ouviu ela segundos antes de adormecer.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Depois de Ver... O que não devia.


Desabafo do que não sei.

É tudo coisa da minha imaginação. Mas antes que ela me mastigue por dias, vou me adiantar.

Aviso a TODOS!!!

Não sou bem nascido, pelo menos não no que se refere a dinheiro ou uma família que não precisa se preocupar com ele. Sou negro, isso mesmo, NEGRO!!! Ouviu? NEGRO!!! Não há outra forma de me descrever.
Porem tenho certeza que essas duas características (pobre e preto) não me diminuem em nada, como também não me engrandecem. Cor da pele e dinheiro no bolso não alimentam a alma.
Características que me tornam diferente são: inteligência (capacidade de resolver problemas), criatividade (ver o comum com outros olhos), empatia (se colocar no lugar das outras pessoas), desorganização (bagunça mesmo), introspecção (tímido, sério), egocêntrico (em alguns aspectos), sinceridade (sempre), imprevisibilidade (ter pouco apreço pela rotina)... São coisas como essa, que me fazem diferente.
Se não consegue ver isso, não consegue enxergar esse algo mais que tenho. VÁ A MERDA!!! Por que não merece minha consideração.
Eu quero mais é que dê valor a coisas como: comida cara, dinheiro, luxo, bebidas importadas, roupas de marca, carros dos melhores modelos... Mas dê valor apenas a isso, longe de mim.
Encha sua vida vazia com cornucópia de futilidades. Com relacionamentos rasos, com buscas infundadas de um amor que não é mais seu. Só isso não me preenche. Prefiro viver pobre e preto comendo a mesma comida todos os dias e saber que tenho uma vida profunda, cheia de amigos (que gostam de mim e não do meu dinheiro), cheia de conhecimentos (se existe um pós morte, é só isso que levaremos), cheia de carinho e respeito ao próximo, me partir em mil, me entregando a cada dia.
Prefiro isto, a viver tocando superfícies das vidas alheias só por fazer. Como já disse sou superficial de milhares de modos, mas não ao tratar com pessoas.

Eu, triste? Eu, rancoroso? Nunca! Mas no mínimo decepcionado.

Espero está jogando essas palavras ao vento, por que sei que minha cabeça é foda e as vezes me prega peças.

Mas se couber, FICA A DICA!

sábado, 19 de maio de 2012

Depois de Ver... Que sou superficial.


Sou superficial sim, e não por que dou importância demais à aparência, mas sim por que busco todo tipo de conhecimento.

Tento saber sobre tudo, porém, acho que por opção de fábrica, sem se aprofundar em nada. Não se enganem, vivo tudo intensamente a cada momento, mais sempre nadando em águas seguras e rasas, dando apenas mergulhos rápidos e certeiros como aves que audaciosamente se atiram em direção a suas presas, em um oceano de águas turvas.

E como ave, busco também alçar pequenos vôos que estão se tornando cada vez maiores, longos e freqüentes. Um dia sei que chegarei ao longínquo alto mar e sentirei profundas águas sobre meus pés. Sentir-me-ei perdido, mas nem tanto, sentir-me-ei só, mas só um pouco. Pois com os pequenos vôos treinos que dou agora estou aprendendo a levar comigo uma bagagem incalculável de conhecimentos, experiências e amizades.

Um dia deixo de ser superficial e me especializo.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Depois de Ver... Os mundos.


Quando percebi que o mundo estava ficando pequeno demais pra mim. Eu quis dizer “vamos” ela quis falar “fica”. Nenhum de nós disse nada. Hoje somos de mundos diferentes.

Depois de Ver...Que assim somos todos


As vezes falta coragem pra falar o que  sinto.
E o tempo passa, passa, e a falta continua.
Talvez por medo, talvez por esperar uma reação negativa.
Me afogo em copos e corpos vazios. E que neles estejam a solução.
Mas isso é apenas momentâneo.
Depois retornam a tona, as mesmas magoas, os mesmos dramas, os mesmos receios...
Ai... Me finjo de forte, me travisto de sério, me engano com o ordinário.
Mas na esfera fria e vazia do quarto é que os medos se revelam, as saudades apertam e a solidão se acentua.
E a vontade de falar permanece junto à falta de coragem.
Me falta coragem  pra algumas coisas... Me falta coragem pra muito.
Vocês deve achar que eu sou louco.
Mas assim não somos todos?

terça-feira, 15 de maio de 2012

Depois de Ver... O Banho.



Ontem senti teu cheiro, na ducha quente de uma noite fria e de silêncio vil e solitário; Vi gostos, rostos e cenários. Cheiro de noite, de banho, de espuma travessa a atravessar o ralo.

A sóbria pedra, guerreira, surrada pela força da água aguardando ansiosamente a hora de rolar em nova cachoeira;

E me senti na embriagues, fui a pedra lapidada suavemente pela queda d’agua, pelo teu corpo, tua nudez;

Te vi em meus braços despida de dor, de anseios e saudades. Vi apenas tem corpo, colado ao meu. Em cada passo, teus sussurros molhados, tuas preces e teu canto ateu;

Te senti no travesseiro, minutos mais tarde, teu cabelo, tuas mãos, teu hálito, teu toque, meu espelho.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Depois de Ver... E querer.


Vamos combinar?

Sou forte de diversos jeitos diferentes, mas se há algo que não sei, é me entregar pela metade.
Para mim é fogo ou água. É sim ou não. Agora ou nunca!
No mundo há muito cinza, muitos meios termos, versões diferentes de um mesmo enredo.
Já no querer, não!
No querer é preto ou branco, tudo ou nada, é sol ou chuva, praia ou serra. Na verdade no querer, é sempre tudo.

O querer é:
Agridoce, é oitenta e oito, é o inferno no paraíso, é perder ganhando...
É a soma dos extremos, é Deus no Big-Bang, a vida das pedras, o pecado-santo...
É a droga mais forte na água limpa, é chorar de rir, é gelo em brasa, poeira em alto mar.
É isso e aquilo!

Estamos combinados?

domingo, 13 de maio de 2012

Depois de Ver... Que Lembrei.


Tentando te esquecer, vou me atirando trôpego, sôfrego, em cada faísca de amor que encontro pelo caminho. Em cada copo de bebidas mil, em corpos no cio. Sigo buscando desilusões, algo que me faça doer mais que você e assim cobrir a sua falta. Vou acumulando sombras e consternações para eclipsar a tua lua, a tua luz, tuas asas.


O ideal seria não me importar com o dia de teu nome, como não me importo com todos os demais, como o faço com o meu. Devia fingir que me importo como finjo com os outros, e não me lembrar e me obrigar a esquecer.





sexta-feira, 11 de maio de 2012

Depois de Ver... O Difícil


Conseguir minha atenção é fácil, qualquer filme B consegue isso.
Falar comigo por horas no telefone, qualquer atendente da Vivo consegue;
Fazer com que eu me apaixone também é bem fácil, qualquer música boa me faz apaixonado por semanas.
Me tirar o sono é moleza, qualquer teoria sócio-política-comportamental consegue fazer isso por dias a fio.
Ganhar uma música que lembre você, qualquer um consegue. Tem uma música que me lembra uma rua.
Ganhar um poema meu, até um copo de vodka já ganhou.
Conhecer meus lençóis não é nada, todas as lavadeiras da cidade já o fizeram.

Complexo é fazer com que eu sinta mais do que paixão.
Quase impossível é me marcar fundo.
Me tirar da cabeça todo o resto do mundo, mesmo que só por um instante, isso sim é complicado.
Difícil mesmo é fazer com que eu fique, querendo ficar.