- Ei! Você ai! Você que caminha, vem cá.
Era o que dizia um homem em pé sobre
um muro. Enquanto olhava um transeunte e o chamava com o dedo indicador.
Lúcio, que passada apressadamente
pela calçada, se quer tinha notado a presença da estranha figura que o chamava.
Mas ainda assim, parou, esboçou um sorriso desconfiado e se aproximou.
- Você já tentou alcançar uma
estrela com a mão? – disse o homem sobre o muro.
Lúcio sorriu e, sem nada dizer,
foi dando as costas e saindo, quando foi
novamente convocado.
- Estou falando sério. Calma
espera, eu não sou louco. – o homem foi sentando-se no muro com intenção de
ficar mais próximo do rapaz que o ouvia.
Quanto a Lúcio, apenas parou, e
esperou a próxima frase da figura que se apresentava a sua frente.
- As estrelas, aquelas, lá no céu
– ele apontou para o claro céu diurno, sem se quer uma nuvem – alguma daquelas,
lá encima. Quando criança, talvez!?
- Não! Acho que não, sei lá.
- Como não sabe? Ahhh, com
certeza você se lembraria se já tivesse pego uma delas.
Lúcio agora ria. E se questionava
o porquê de ter parado para ouvir um maluco qualquer, que Andava sobre um muro,
fazendo perguntas sobre pegar estrelas aos passantes. Ainda assim se deu ao
trabalho de argumentar:
- Você perguntou se eu já tinha
tentado pegar. Não se já tinha pego.
- Então quer dizer que já pegou. –
o homem sorriu animadamente, e olhava com olhares brilhando, como se desejasse
saber sobre a experiência.
- Não. Nunca peguei. Mas tentar
pegar é diferente de conseguir pegar.
- Não é não. – disse o homem com
ar de decepcionado. Ele voltou a olhar para o céu e se continuou falando como
se narrasse um sonho. – ao tentar alcançar, ao se permitir sonhar em
alcança-las, automaticamente você abre a sua cabeça para a esperança para a fé.
Para a fé em si e as belezas do mundo. E assim, só em tentar, você já ganha
para si a melhor das estrelas. Aquele brilho, que te ilumina por dentro e
desponta no sorriso, nos olhos e sai irradiando por todos aqueles que te olham.
O silêncio que se seguiu, poderia
ter sido constrangedor. Se não estivessem os dois com os olhares voltados para
o límpido céu azul.
Lúcio ergueu o braço direito bem
alto fechou a mão e a trouxe em direção ao peito. Fechou os olhos por um
segundo, deu um singelo sorriso e seguiu caminhando na rua. Só então o homem se
deu conta de que Lúcio se afastara, deu um largo sorriso de satisfação e voltou
a ficar em pé sobre o muro.
Segundos depois estava ele
apontando e chamando uma senhora que passava pelo local. O dia seria longo, e
ainda haviam dezenas de respostas a serem dadas e de realidades a serem
divididas:
- Ei! Senhora. A senhora mesmo.
Vem cá. A senhora já pensou ser um submarino?