terça-feira, 13 de maio de 2014

Depois de Ver... Mais um Ano.

Enquanto me lia, no espelho, vi cada ponto do meu rosto se transformar em palavras. Palavras que escorriam pelo chão e molhavam o apartamento.

No reflexo das poças, via você, em todos os textos, em todos os amores, até em todas as canções, que ouvir e que cantei.

Vi seus olhos me sorrirem, sua boca me falar e suas mãos me afagarem. Vi sua cabeça debruçada sobre meu peito e sorrir. Me vi contigo, e não foram lembranças do passado, foram sonhos e vontades reprimidas.


Enquanto me via, só li você.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Depois de Ver... O Nascer de uma Paixão.


Quando uma das provas foi recitar um poema e minha então namorada me intimou: “vai, recita um. O pessoal vai gostar.”

Não sei o que me deu, mas levantei a mão. Tímido no fundo do ônibus todos me olharam, a minha equipe, agradecendo minha coragem por tentar, os adversários, olhavam pensativos imaginando qual tipo de merda sairia e que só precisavam tentar algo um pouco melhor.
Eu!? Me perguntava o por que ter levantado a mão.
Rapaz introvertido, criado no interior, que pouco conhecida da vida e do mundo, mas sempre apaixonado pela literatura desde a infância. Dado ao drama, costumava decorar pequenos poemas, músicas e textos. Que recitava para si, nunca no espelho, nunca gravado, tinha uma  espécie de medo da própria imagem e do som da própria voz. Mas levantei a mão, e ao terceiro segundo de silêncio, a minha voz se sobrepôs ao barulho do motor e como que cuspida em angustia a poesia saiu.

Um belo texto de autoria desconhecida, que havia sido recitado por Chico Anysio. A particularidade do texto? Todas as palavras dele iniciava com “M”.

“Mundo moderno, marco malévolo...”O nervoso foi usado para dar emoção ao texto. As palavras iam brotando da garganta sem ao menos perceber. “...manahazinha, move muinho. Moendo macaxeira, mandica...”.

Uma após outra vão deslizando pelo ar e sendo comportada por ouvidos atentos. ”...muitos migram, macilentos, maltrapilhos...” e enfim   “... mundinho merda.” Com voz embargada, olhos cheios de lágrimas que não caíram.

Foram aplausos de todo um ônibus. Cheios de universitários rumo a uma viagem de férias, foram trazidos a uma dolorosa realidade naquelas palavras. Mas o olhar ao meu lado de admiração e felicidade era algo impagável, incomparável  e sublime. Sobretudo para um leonino como eu.


Foi assim, que não mais conseguir controlar minha paixão pelo teatro.