quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Depois de Ver... Meu Maior Presente

Sempre fui meio social. Lembro de um aniversário, devia ser o de 12 ou 13 anos. Em que ganhei o direito de escolher meu presente. Corri nervoso para o mercado da cidade para escolher o meu presente. Como filho único de poucos e próximos amigos. Sabia bem o que era brincar sozinho. O que me encheu os olhos? Um supercarro de controle remoto. Era uma Ferrari vermelha que cabia exatamente no valor máximo que tinha para a compra do presente.

Com um controle que permitia se afastar até 20 metros do carrinho, alcance de velocidade de incríveis 7 km/h, a Ferrari era o sonho de consumo de milhões ao redor do mundo, e aquela luxuosa máquina em miniatura era o de centenas, talvez milhares de criança. Inclusive daquela, o pequeno eu.

Mas sabe o que? Comprei, com o mesmo valor da Ferrari, 3 pequenos carros, também de controle, mas com fio de pouco mais de 60cm, que nos forçava a andar junto ao carro. E corria? Corria, a incrível velocidade 2km por hora, só isso.

Mas ele fazia o que o outro não permitia, brincar com os amigos, de igual para igual. Mas ai me perguntam, “o aniversário não era seu?”, “você não poderia ter emprestado a eles a Ferrari, para eles também brincarem?”. E a resposta é simples, podia, mas não o fiz. Preferi partilhar aquele momento com eles de forma efetiva e completa.

Mas não se engane, não fiz meramente por motivos nobres e maravilhosos, é que sempre fui meio solitário. E isso me fez ser ao mesmo tempo independente, mas preocupado com o bem-estar dos que me rodeiam.
Não era questão de comprar amizades, sempre tive amigos independentemente do dinheiro, que nunca tivemos muito. Era questão de multiplicar a felicidade, através da felicidade de todos.

Quando um só sorriu, a piada não foi adequado. Quando um só come em meio a muitos, por mais que este coma bastante e esteja satisfeito, não há comida suficiente.

Hoje fico feliz com a lembrança do pequeno Marcello, correndo, brincando e compartilhando o mundo. Que por mais que às vezes pareça ser em minha cabeça. Nunca foi só meu.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Depois de Ver... Humanas X Exatas

A área de ciências humanas vista como inferior ou fácil. Já pararam para pensar?
É fato que somos seres sociais. Mas viver em sociedade permite que se considere especialista no ser social? Seria o mesmo que dizer que uma recepcionista de hospital está habilitada a dar diagnósticos médicos apenas por passar horas dentro de um hospital.

Porém, é comum no dia-a-dia pessoas comuns debaterem falarem e pensarem sobre temas como sociedade e indivíduo. O que não ocorre com a mesma frequência com cálculos matemáticos, por exemplo. Concordo que os indivíduos têm , de certa forma, propriedade para lidar e opinar sobre questões sociais e humanas simplesmente por serem humanos, mas daí contestar e contradizer estudiosos da área com o simples argumento de que faz parte da sociedade, considero um pouco de exagero.

Não é comum matemáticos, físicos e geógrafos fazerem apontamentos em relação a doenças ou a diagnósticos médicos. Ainda que sejam eles os pacientes. Nem vemos médicos, apontando sobre cálculos matemáticos ou questionando os fundamentos ou estudos da física. Então por que se permite que estes profissionais opinem, determinem e ditem as regras da metodologia pedagógica e a construção do saber?

Notem que quando faço este apontamento, não falo sobre licenciados em disciplinas, mas também daqueles que estudam, atuam e pesquisam sobre a área em questão.

Ser da sociedade, te dá o direito de opinar, reivindicar e até questionar certos fatores sociais. Porém não permite que você determine parâmetros sociais. Na educação ocorre o mesmo. Metodologias educacionais devem ser formuladas e consideradas por profissionais e estudiosos da pedagogia e afins.


Sou um partidário da ideia de interdisciplinaridade dos conteúdos e círculos de saberes. Um profissional da área computacional, por exemplo, pode e deve auxiliar na área médica para otimizar o serviço de saúde, mas o parecer deve ser dado por um médico ou profissional da área.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Depois de Ver... O Mundo à Moda da Casa

É natural do ser humano pensa-se o mundo a própria maneira. Pesar o mundo com a sua balança. Até aí nada de anormal, a coisa se complica quando se considera que todo o resto é uma extensão de seus padrões e acredita que é deste modo que devem se comportar.

Não é nada fácil avaliar ou mesmo viver as interações sociais, respeitar as individualidades e  peculiaridades de cada ser que nos cerca. Mas daí, achar que nossos valores são os únicos aceitáveis ou corretos é outra história. Muito se fala sobre conflitos de gerações, mas tudo é muito mais do que a diferença entre novo e velho. Independente do certo e errado, há um egocentrismo intrínseco que nos limita a entender o outro, pelo simples medo do diferente.

Há a necessidade de um mundo no qual sejamos capazes de identificar as experiências de outrem, por mais distintas que sejam das nossas, como legítimas e dignas de respeito. A música é grande exemplo disso. Hoje vemos os mais variados tipos de movimentos e manifestações da cultura POP brasileira, o funk ostentação, o RAP, o tecnobrega, que são tratados com preconceito e afastamento. Muitas vezes pelo simples desconhecimento da realidade e mundo no qual estes movimentos tem berço e lugar social.

Estes jovens, ganham hoje poder aquisitivo, através de uma música. Ganham notoriedade e reconhecimento em seus nichos sociais, passando a fazer parte do mundo de consumo, tanto fomentando pelas grandes mídias. São estes mesmos jovens que não estão sendo ouvidos, não estão sendo representados. Não estão sendo lembrados pelas marcas que tanto cultuam.


Estes movimentos têm muito a dizer, são gritos, altos e retumbantes que manifestam a cultura de classes, de uma grande parcela da população, um grito de “estamos aqui”. Como muitos outros movimentos da cultura e da música vividos pelos pais e pelo mundo. O que talvez falte seja uma estrutura neste grito, uma fundamentação.

Quando a nossa visão de mundo não combina com a visão de mundo dos que os cercam, deve haver empatia para que um possa compreender o lado do outro. Pois só assim podemos escutar o grito daqueles que tem algo a nos dizer, para podermos discernir o que é vaidade do que é socorro.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Depois de Ver... A Política.

O poder é uma das instituições mais velhas. Desde que o homem passou a viver e conviver em sociedade, tornou-se necessário a instituição de poder. De modo a balizar e equilibrar as relações.

Muitos fazem questão de bradar o quanto odeia política, porém, esquecem de pensar que somos políticos cotidianamente. Somos políticos ao negociar com os pais o horário para chegar. Até os contatos com amigos e conhecidos. As relações de poder estão em todo viés da sociedade e negá-las é como ignorar a existência do obvio. E esta estrutura por si só não denigre ou destrói o meio social, o mal está em sua interação com o homem. 

Em seu livro recente (2015) o sociólogo alemão, Zygmunt Bauman nos faz uma intrigante pergunta: “A Riqueza de Poucos Beneficia a Todos Nós?”. A pergunta que dá nome a obra, nos remete a uma reflexão sobre as relações de poder da sociedade atual. Em seu livro o sociólogo nos leva, com maestria por uma viagem em dados e informações, que não responde, mas nos leva a mais e mais questões deste cunho.

Na minha opinião, resposta para esta pergunta nos é dada de forma concisa e brilhante por Luís Fernando Veríssimo, na sua coluna do dia 17/07, através da citação popular americana que diz “...é só deixar os ricos se lambuzarem que alguma coisa sobrará para os outros...”, mas ele completa “...aqui (no Brasil) não funciona. Aqui funciona um complexo no modelo americano, com a diferença que nada escorre desse pote de melado. ”

O que nos leva a crer, que o poder, a desigualdade e as diferenças sociais existem e são constantes nos agrupamentos sociais de qualquer ordem. O que difere é seu nível e peso sobre a construção do cidadão.

Com a proximidade de mais uma eleição, vale nos questionar sobre as escolhas dos que nos representarão nos próximos anos. E entender a importância social que a política tem em nosso cotidiano, não tenha raiva do jogo, odeie os mau jogadores. 

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Depois de Ver... As Inteligências

Para aqueles que levam o dia a dia, apenas fazendo o que são mandados, repetindo as tarefas sem refletir muito sobre elas, no momento em que surgir uma oportunidade de mudança de evolução é que terá que começar a se preparar. Percebe a falha disto?

É diferente do dia-a-dia de quem se aprimora e se prepara para várias situações. Que pensa em se melhorar a todo momento, pois para estes, quando surgir a oportunidade eles já estão em processo de preparação, o caminho a se percorrer para estar apto é mais curto e fácil. É melhor aprimorar-se e adequar-se um pouco do que começar uma mutação ou mudança mais complexa.

É como inércia, muito mais fácil se manter em preparação do que iniciar o processo. E essa preparação pode ser feita das mais variadas formas, leitura, jogos, cursos, cursos on-line, vídeos e palestras. O importante é buscar ações que tenham enriquecimento de conhecimento e habilidades, com temas de seu interesse, seja lá qual for o método ou plataforma. Jogos e filmes, costumam dar excelentes resultados no aprendizado de línguas estrangeiras. Por isso devem ser encarados como excelentes aliados do processo de ensino formal, para a aprendizagem do aluno.

Na década de 80, o psicólogo Howard Gardner desenvolveu o que se chama hoje de Teoria das Inteligências Múltiplas, defende que somos dotados de diferentes tipos de inteligências como a musical, espacial, corporal e entre outras, e não só da inteligência lógica (QI) mensurada comumente até então. A inteligência lógica pode ser classificada como a capacidade de resolver problemas.

Hoje adota-se a ideia de desenvolver estas inteligências que decorre dos diversos níveis e formas de interação com o mundo que nos cerca, e identificar estas interações é papel de todos, sobretudo de pais e educadores, que objetivam a formação das crianças e adolescentes.

O que se percebe então é que os estímulos sócio/ambientais são extremamente importantes no desenvolvimento. E estão inseridos em locais e envolvidos com pessoas que favorecem, oferecem estímulos ou se destacam com determinadas capacidades de influenciar neste quesito.

Mas um fato não pode ser esquecido, o desenvolvimento destas inteligências e capacidades, apesar de influenciado pelo meio, é primordialmente ativo e individual, inclusive e devido à velocidade, modo e qualidade do aprendizado, que varia de pessoa para pessoa. E quanto mais ativo, orgânico e natural tornamos este processo, o desenvolvimento será progressivo e contínuo.