sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Depois de Ver... Os Lados.


Minha infância tinha dois lados como nos vinis da época: lado A (o lazer, a diversão) e lado B (a escola, os estudos). E cada lado tocava um “X” números de faixas do mesmo ritmo, estilo e ou intérprete.

Eram de uma simplicidade tal, que você, mesmo sem nunca ter ouvido o disco, podia imaginar qual seria a faixa seguinte; e isso não era ruim. Elas nunca te decepcionavam, nunca fugia do simples, porém continham em si uma beleza sem tamanho. Os ruídos característicos que dão vida às músicas, que nunca incomodavam, só podiam ser comparados aos ruídos das fitas k7 ouvidas em um walkman.

Mas tudo mudou. Tornando-se urgente, variável e confuso, com a chegada dos players e suas intermináveis playlists, a enorme variedade de ritmos, cores, batidas e cantores é quase assustadora. São ouvidas quase ao mesmo tempo, com uma perfeição plástica e muitas vezes sem emoção, que está longe de ter o calor de um vinil.

Enquanto no “bolachões”, víamos a vida de forma simples e harmoniosa, ouvindo uma seqüencia de músicas cuidadosamente enfileiradas, para que sentíssemos cada minuto de forma única, nos players, temos os sufflês que mudam o rítmo da vida a cada segundo, sem nos deixar ao menos sentir.

Hoje me contento com o vibrar sujo de um violão em punho, da própria voz desafinada e dos acordes mal tocados por minhas mãos, e só assim, sei que músicas apesar de serem tão sublimes são sim feitas por humanos, com sentimentos que transbordam pelos instrumentos até nossos ouvidos.


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