domingo, 10 de junho de 2012

Depois de Ver... Encontros.


- Mas o que eu faço? O que eu falo? – Perguntou Lian revirando-se na cadeira.
- É simples. Não faz nada. – Foi a resposta impassível dada pelo Samael.
Os dois estavam sentados a alguns minutos em uma mesa ao fundo do bar quase vazio. Os primeiros copos de whisk de ambos já estavam chegando ao fim, e a conversa nem dava sinais de acabar.
- Você acha? E se eu for esquecido? – Lian resmungou olhando para o copo.
- Não tem “se” nessa história. Você será esquecido. Se você não fizer nem falar nada, só vai acelerar um pouco o processo. O que provavelmente será bom para todos.
Coincidentemente duas horas antes, naquela mesma mesa, a cena era outra.
Eva pensava enquanto olhava distraída para um quadro na parede. Estava sentada junto a duas amigas que conversavam euforicamente sobre banalidades. Ou seriam coisas importantes, Eva não se importava. Em sua cabeça apenas duas palavras ressoavam “e se...”.
- ...e podemos fazer assim, né!? O que você acha Eva? – perguntou Cíntia virando-se para ela.
- Eu... – titubeou voltando a si, do mergulho de seus pensamentos onde se encontrava.
- Onde você tá com a cabeça, hem?! Ultimamente tu anda assim. – Bruna comentou ríspida.
Eva levantou-se rapidamente e saiu a passos rápidos em direção à porta. Parou segurando a porta de saída e murmurou para si:
- Tudo é mutável, e a chave está em minhas mãos.
Horas mais tarde, Lian ainda pensava sobre a frase do amigo, e enquanto dava os derradeiros goles de sua bebida disse:
- Você tem razão, acho que essa é a melhor decisão para o momento. Mais isso não quer dizer que é para sempre, né!?

A última frase soou como quisera se convencer do que dizia. A resposta de Samael veio fingindo uma certeza que não existia:
- É.
Lian, que durante a espera da resposta manteve a respiração presa, suspirou aliviado e pediu outra dose ao garçom. Só quando ambos já estavam com seus copos novamente cheios ele voltou a falar:
- Tudo bem. Eu aceito. Diga-me o que tenho que fazer.
- Como já disse, nada. Vá e viva a sua vida. O tempo se encarregará do resto. – ele parou o copo no meio do caminho ate a boca e continuou - Ela virá a qualquer momento. Lembre-se de não cometer o mesmo erro novamente e comentar sobre nosso encontro. Ainda há muito o que ela aprender.
A resposta foi muda. Uma desviada de olhos e uma leve contraída de boca. Porem foi suficiente para Samael entender que suas palavras haviam sido ouvidas e consequentemente seriam cumpridas a risca.
Ainda com sua ultima frase suspensa sobre a mesa, Samael tragou toda a bebida de um gole, voltou a sentar o copo na mesa e se levantou. Com um ar prepotente nos lábios e sem dizer nada, deu as costas e saiu, deixando o amigo com os seus pensamentos.
Minutos depois Eva entrou um tanto quanto apreensiva pela porta do bar e fixou seus olhos no olhos de Lian, que ainda se encontrava sentado. Ela se aproximou e sorriu, ele em resposta ensaiou um sorriso e disse:
- Estava te esperando.
- Me disseram que você estava aqui.
- Que bom. Já tava de saída. Vamos.
Ambos se direcionaram para a porta lado à lado, em silêncio. Na certeza de que tudo é transitório, Lian deixou o bar em companhia de Eva. Em seu intimo ainda havia um pouco de esperança, que mesmo para um ser ateu como ele, podia soar como fé.

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