quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Depois de Ver... A Transfiguração.

Ela sempre foi dada ao céu.

Desde criança adorava olhar nuvens e o que elas formavam. Sonhava o dia em que estaria entre elas.

Na primeira vez que voou de avião, em viagem com a família, seus olhos brilhavam de alegria.

Já adolescente, seus desejos pelo céu só aumentaram, passava horas ouvindo música deitada no telhado.

 

Escalava a parede do fundo da casa até alcançar o telhado, deitava-se sobre ele, com seus fones de ouvido e ali ficava por horas.

Só olhando o céu azul e as aves.

 

Certo dia percebeu que algo surgia em seu corpo. Eram asas.

Passou a entender o que as aves cantavam. Seus olhos conseguiam ver mais longe.

Novos sonhos e desejos lhe passavam a cabeça.

Não demorou muito e foi se desfazendo o seu corpo como o conhecia. Foi se tornando dezenas de aves.

Eram muitas, de todas as formas, espécies e cores.

Só então voou. Pela primeira vez de verdade, voou.

Com as próprias dezenas de asas, voou.

Tanto e tão alto que ultrapassou as nuvens e chegou as estrelas.

Quando o bando passou, o barulho das asas era ensurdecedor.

O vento delas avassalava e arrastava tudo por onde passava.

Era lindo, ver o belo arco-íris de aves a riscar os céus.

Quando ele viu, havia ela em todo lugar.

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