Quando terminei o ensino médio, como milhares e milhares de
adolescentes pelo mundo, não sabia o que fazer no vestibular. Achava absurdo
escolher o que “faria para o resto da vida”, com apenas 17 anos. Mas fui
impelido, por minha mãe, professores, colegas, amigos e pelo mundo, a escolher
algo.
A solução que encontrei foi saber o que não queria. Sabia
que não queria ser médico ou advogado. Sabia que não queria nada das opções que
a faculdade da minha cidade apresentava. E, quase que por sorteio, foi eleita a
psicologia. Ai vem o tempo, as dúvidas,
as mudanças. E tudo mais.
Mas o fato é que não “escolhi”, propriamente dito. Fui
abrindo portas de oportunidades e me apresentando a elas.
Agora, vejo o gigante acordar. O Brasil acordou e está
insatisfeito, e com razão, mas não tem o foco, não tem metodologia, nem
argumentos. Ele é o adolescente que não quer o que tem, mas não sabe o que
quer. A criança que chora por que doí, mas não sabe onde. O perdido que, não
sabe para onde vai.
Na geração dos memes, da frase pronta, quase sempre estão
fora de contexto, dos 140 caracteres. Sobra tempo para fazer piadas das figuras
públicas e falta para a leitura, falta embasamento, falta consciência humana e
sobra de egoísmo.
Da era da escuridão ideológica que vivemos na última década,
desembocamos em um junho de 2013, no qual milhares saíram as ruas em luta por
um ideal. Ou melhor, em busca de milhares de ideais. Cada um com o seu.
E, de totalmente despolitizados, multiplicaram-se por ai
desejos de mudanças. Ideais de mundo da cabeça de cada um.
A questão, é que nestes mundos não há espaço para a fome do
outro, para a falta do outro, para os erros do outro. Somos uma geração sem
empatia. Sem sensibilidades para nada além de cachorros e cantores com voz
rasgante.
Somos a geração do
imediatismo. E nessa demagogia nossa de cada dia, cuspimos impropérios
narcisistas aos quatro ventos, na espera de likes aprovação.
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