Sophia era o que se podia chamar
um anjo na terra. Pele extremamente branca, olhos castanho mel, fundos e
penetrantes. Seus cabelos muito pretos, com cachos bem formados, lhe desciam
até a cintura. Foi ela quem iniciou o dialogo bastante improvável.
- Qual o seu signo?
Ele, um sujeito carrancudo
sentado na sala de espera do cinema ao lado dela. E lia calmamente o livro que
tinha nas mãos. Não era velho mas já beirava os 30. O que muito contrastava com
os 18 anos, recém-feitos, de Sophia. Negro, alto, cabelo baixo e barba bem
cheia que tomava todo o rosto. Se não fosse a camisa de botão, branca com
listras azuis, bem limpa e bem passada, se passaria facilmente por um mendigo.
Olhou inquisidor para ela e
respondeu seco:
- Leão.
- Serio? Você está aqui só? Vai
assistir o que? Que livro é esse? – falou ela, já pegando o livro da mão de
Roberto para ver a capa.
- Com licença!? – Falou ele tomando de volta o livro das
mãos da moça. Levantou-se e falou educadamente antes de partir – Tenha uma boa
tarde.
Ela silenciou em sua solidão, e permaneceu sentada. Era afoita
e apressada em se relacionar, sentiu muito por ter perdido a oportunidade de
saber sobre aqueles olhos. Mas prometeu a si mesmo que ainda o veria e que
ainda teria para ela seus abraços.
Ele, só, seguiu seu trajeto, era passivo e machucado. Não
mais sabia lidar com paixões, preferia as guardar para si. Viu nos olhos dela o
singelo brilho, mas prometeu não tocar almas. O peso e o pesar eram imensos e preferia
não ser ele o responsável.
Minutos mais tarde coincidentemente, se encontraram na sala
lotada do cinema. Sentados lado a lado, nenhum dos dois disse nada, em um
silêncio mórbido e constrangedor. Ao final da sessão, ela avançou sobre ele,
lhe deu um beijo na face e disse:
- Desculpa.
Sem esperar uma resposta, Sophia, envergonhada, correu porta
a fora.
Ele apenas deu um sorriso. Levantou calmamente e saiu da
sala. Sabia o que ela sentia e sabia o porquê.
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